Mostrar mensagens com a etiqueta Mediterrâneo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Mediterrâneo. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 28 de junho de 2023

"De exitio aspera" - Uma fábula do compadre Zé - (epílogo)

 

Três voltas deu o burro ao palratório e depois de zurrar três vezes, “Tres resonantes pedit in auras” (lançou para o ar três ressonantes peidos). Uma abelha enorme poisou-lhe na cabeça e iniciou uma dança que apenas os animais conheciam. E como na natureza não existem regimes, fácil se torna descodificar a comunicação: - Quando a terra era habitada pelos espetos, chamaram-me rainha. Nem a doçura que lhe ensinamos, quando por eles éramos escravizadas, lhes abriu as portas da natureza. Eu sou a Mãe de uma enorme família que faz parte de tantas famílias abraçadas pela natureza. Vamos voltar para as flores, encher o vento de pólen e os dias e as noites sem a prisão do tempo.

O lobo ergueu-se nas quatro patas, uivou e fechou a assembleia: - Voltemos para os nossos cantos. Às vezes uns ventos maus toldam-nos a ligação à terra.

Saltou do palratório e todos partiram.

Todos? Não, ficaram os porcos.

sexta-feira, 23 de junho de 2023

Metendo conversa...




    No espaço dos países do sul da Europa (de influência mediterrânica) a origem do culto remonta às religiões primitivas e, dizem os críticos, constitui metamorfose de outros cultos originários. Assim, a origem do culto do feminino segura as suas raízes populares entre olivares e vinhedos e evoca: Isis, Atenea, Cibeles, Astarté... Sincretismos da Grande Mãe. 
    A deusa, a Mãe, preenche o imaginário dos homens, na forma idealizada da mulher! É a Senhora, nunca a “virgem”, adorada entre antas e menires, a guiar riachos e a proteger caminhos milenares.
    O seu rosto sofreu a deformação da História, porque a política e a religião constroem-se sobre a mesma matriz – da hierarquia e do poder. Assim, consoante os interesses em jogo, o culto a Isis sofreu matizes e acentuou traços: a dedicação, a claridade, o sacrifício abnegado pelo filho… Isis, a Luz do Mundo, a deusa dos mil nomes, encerra na sua simbologia uma severa contradição para a ideologia cristã. “Senhora dos Prazeres”(?!) , tantas outras, num absurdo que o cristianismo não conseguiu substituir..
    Ísis é uma deusa da luz, zelosa com todos, sejam escravos ou nobres, pecadores ou sagrados, governantes ou governados, homens ou mulheres. Ela olha por todos com o mesmo empenho protector, a mesma solicitude, exercitando assim a sua natureza radicalmente maternal e fértil.
    Lúcifer é o portador da luz, a estrela da manhã. A palavra Lúcifer vem do latim lux, que significa luz, e ferre, que é levar, transportar. É, portanto, o portador da luz, ou ainda a estrela da manhã ou filho d'alva desde antiguidade egípcia e clássica. A tradição cristã conhece o nome Lúcifer como o anjo caído que também é conhecido como Satanás. Esta concepção foi criada pelo putativo “São“Jerónimo ao traduzir de forma grosseira a Vulgata, a Bíblia em Latim, no século 4 d.C. – é o diabo.